Sobrecarga de trabalho, pressão por parte de magistrados, ameaça de processos administrativo, entre outras situações limites. O cotidiano de vida do Oficial de Justiça brasileiro sempre está entre extremos. Uma realidade perigosa que, no último dia 6 de maio, chegou ao limite para o Oficial de Justiça Maikon Gomes Coutinho, 38 anos.
Neste dia fatídico, Maikon – colega de profissão do Fórum de Quixadá, Estado do Ceará, em um gesto de extremo desespero, desistiu de viver, retirando sua própria vida em seu local de trabalho. E em meio a surpresa e dor, a pergunta mais premente é o porquê dele ter chego a este extremo – exatamente como seu colega cearense de profissão, que cometeu o mesmo ato no início de 2022.
Para a esposa de Maikon, Vérica Sales, a sobrecarga de trabalho teria sido uma das motivações do Oficial desesperado que, segundo ela, sofria de depressão e todos os dias manifestava insatisfação pelas péssimas condições de trabalho. Vérica informa que às 18h37, minutos antes da tragédia, ele enviou um e-mail de despedida para ela, explicando que o seu sofrimento já existia há muito tempo, mas que teria se agravado de forma significativa em decorrência dos últimos acontecimentos – “ser transferido compulsoriamente para Quixadá foi a gota d’água”, afirmou ele no e-mail. Acrescentou, ainda: “essa dor já me consome há muito tempo e realizar as atividades mais triviais do cotidiano se tornou algo colossal”.
Diante do exposto, enlutada, a Diretoria da Fesojus-BR – Federação das Entidades Sindicais dos Oficiais de Justiça do Brasil, presta seus pêsames não somente aos familiares e amigos de Maikon Gomes Coutinho, mas a toda a categoria brasileira. “Infelizmente, essa é uma tragédia que vem sendo anunciada há muito tempo. Temos seguidamente alertado o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pedindo audiências para tratar de ações voltadas a saúde mental dos Oficiais de Justiça de todo Brasil, sem obter sucesso”, fala, revoltado, o presidente da Fesojus-BR, João Batista Fernandes.
Estamos vivendo um verdadeiro descaso por parte do próprio poder judiciário com relação a categoria, acredita ele, afirmando que a Federação pretende unir-se aos presidentes dos sindicatos estaduais para tomar atitudes efetivas em prol da saúde mental dos Oficiais. “Nós não podemos mais ficar aqui esperando simplesmente que os tribunais reconheçam a necessidade de atenção à categoria. Os Oficiais estão sofrendo e está na hora de tomarmos uma atitude conjunta, de todos: _Porque uma vida não tem preço!”, conclui, reiterando o compromisso da Fesojus-BR em realizar um movimento de união voltado a cobrança efetiva de melhores condições de trabalho para os Oficiais de Justiça do Brasil.
Por Assessoria Fesojus-BR, jornalista Patrícia Claudino, com informações do Sindojus-CE.