No dia 13 de maio de 1888 foi sancionada pela Princesa Isabel a lei da abolição da escravatura, conhecida historicamente por Lei Áurea, lei nº 3.353.
O Brasil era o último país latino a abolir a escravidão que durou por aproximadamente 400 anos desde o período de colonização.
Na prática os escravizados foram libertados do cárcere e acolhidos noutro sistema de exploração e subjugação que se perpetua desde então.
A abolição aconteceu porque já não era tolerada em qualquer outro canto do planeta.
Mas o abominável ato somente se transmutou em novas práticas. O descendentes de escravizados continuam à margem da sociedade sem acesso aos mínimos direitos sofrendo todo tipo de perseguição.
O dia da abolição precisa ser repensado. O nosso povo realmente acolheu o fim da escravidão? O nosso povo sabe a qual classe pertence?
Nós do movimento sindical precisamos ter consciência de nosso pertencimento à classe trabalhadora que foi precedida por nossos irmãos escravizados. Se hoje lutamos pela manutenção de direitos duramente conquistados é preciso recordar que a nossa luta é por um país mais justo e solidário. E não é possível a construção de um país melhor se não voltarmos nossos olhos para os que são marginalizados e esquecidos, os invisíveis da sociedade.
Há nos dias de hoje quem creia que a abolição deu lugar ao sol a todos os escravizados em pé de igualdade com os descendentes do baronato. É lamentável que se pense que 400 anos de exploração se resolvem com alguns poucos séculos de pouca postura de reversão dos prejuízos irreparáveis de nossos irmãos.
Precisamos repensar nossas posturas e nos firmarmos na defesa cotidiana contra o racismo e preconceitos de toda ordem.
Portanto, neste dia 13 de maio, reflitamos acerca de nosso passado recente e de suas chagas expostas. Como podemos contribuir pelo bem de nosso país? O primeiro passo é nos conscientizando de que a abolição “aconteceu ontem” e que muitas políticas públicas precisam ser tomadas para que daqui alguns séculos todas as feridas se cicatrizem e nosso país dos sonhos se realize entre nós.